terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Reflexão

Não sei escrever outra linguagem senão esta.
Não sei outros idiomas que não o do meu país, o do meu Brasil, cantado em poemas e canções por homens que tiveram um espaço reservado dentro da eternidade.

Respeito o ponto de vista de cada ser humano. Acolho aquele que se diz lírico, poeta. Amo aquele que deseja ser fonte no deserto, mas entristece-me aquele que não tem nada a oferecer, aquele que é todo feito de palavras sem raízes que são levadas fácilmente por uma correnteza menos forte. Ah, esse!... Esse jamais saberá o que é essência!
Porque não há nada que se compare à sensibilidade ofertada por Deus e cultivada pelo espírito de cada ser. Não há nada que destrua esse presente divino: esse dom maravilhoso de ser poeta, de enxergar a vida através dos olhos de um pássaro, de usar a cada instante todas as células do corpo e transportá-las todas para a alma e deixar-se, apenas deixar-se embebedar de sensibilidade, de poesia, de ternura e vida...

Se há alguém que precisa agradecer, Senhor, esse alguém sou eu. Se há alguém que precisa pedir o Teu perdão, também esse alguém sou eu. Porque apesar de ter sido presenteada por Ti, muitas vezes sou apenas aquela que procura. Passa-me, às vezes, desapercebido que é necessário dar e não apenas exigir. É necessário ser a ponte sobre o abismo, quando apenas e somente sou om próprio abismo. É necessário saber conduzir e não apenas deixar-se levar sobre uma terra desconhecida e efêmera. É sobretudo necessário que Tu te faças luz sobre os homens e sobre essa Tua pobre criatura, Senhor, e que a nós seja destinado o amanhã de tão poucos, a esperança acalentada de muitos.

Janete Cortez - 01/03/1984